quarta-feira, 16 de setembro de 2015

#Racismo: Uma questão cultural ou de caráter?

O mal da nossa sociedade é achar que tudo que se fala e se pratica é normal, e culpa o sentido cultural nisso. Há pessoas que xingam e ofendem um negro e acham isso o mais normal pela questão cultural de ser; no sul é comum os torcedores do Grêmio chamarem os torcedores do Internacional de macacos e generalizaram para os demais torcedores do Brasil.

Nos dias de hoje com toda a evolução social e cultural, ainda há barbaridades como essa, assim como dizer que a garota merecia ser estrupada.

A sociedade em geral está cada vez mais intolerante e subversiva, isso as vezes me assusta porque você não sabe com quem e com o que está se lidando num mundo afora. Isso é extremamente complicado para todos nós.

Não quero ser o pessimista, mas sendo um pouco racional, acho que isso não há solução. É da natureza do ser humano praticar a intolerância, a inveja, o ódio, a ganância, entre outros. A partir do momento em que se distorce os sentimentos, não se merece confiança.

De novo, a vergonha por mais uma manifestação racista no Estado do Rio Grande do Sul. Vergonha maior porque essa manifestação nojenta veio da torcida do Grêmio, o time pelo qual tenho simpatia desde criança. Vergonha porque não é a primeira, nem a segunda, nem a última vez. Enquanto não houver punição para esses idiotas que se dizem torcedores, continuaremos a lamentar o que aconteceu com Aranha, com Márcio Chagas, com Dani Alves e com tantos outros negros ofendidos em estádios. Aliás, o torcedor que chamou Dani Alves de macaco foi banido para a vida inteira dos estádios. Mas isso foi na Europa. Aqui o Grêmio emitiu uma nota de repúdio e muita gente vai achar que é suficiente. 

Não é!

Eu quero ver o que a justiça desportiva vai fazer. Aplicar multa? Banir o Grêmio da Copa do Brasil? Tirar o mando de campo por alguns jogos?

O que tem na cabeça essa mulher que aparece no vídeo xingando o jogador do Santos? Essa dona _ e os outros babacas que chamam adversários de “macaco imundo” ou fazem gestos que lembram os primatas _ devem achar que vieram ao mundo trazidos pela cegonha. Esquecem que somos todos descendentes de macacos e temos uma dívida histórica com os negros, por conta da escravidão.

Eu quero ver esses torcedores prestando serviços comunitários, lavando chão, pagando cestas básicas, sendo impedidos de ir aos estádios. Eu quero ver o Grêmio ajudando a polícia a identificar os criminosos. Sim, porque racismo é crime e está tipificado no Código Penal. Eu sei que os justos não podem pagar pelos pecadores, mas se os não-racistas ficam de braços cruzados diante de uma manifestação racista, e isso tem sido recorrente na Arena, merecem a punição de passar algum tempo sem poder ver seu time jogar. Defendi a puniçãopara o Esportivo, quando ocorreu com Márcio Chagas, reafirmo agora quando se trata do meu time do coração.

Estamos na Era das selfies e dos vídeos para tudo. Que cada um faça a sua parte e denuncie os criminosos que fazem manifestações racistas, para que um dia tenhamos respeito nos estádios de futebol.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Como a criança se percebe enquanto negra na sociedade?



Como a criança se percebe enquanto negra na sociedade? O vídeo acima nos responde a esse questionamento. As imagens são tocantes, mas servem como um alerta para a sociedade... As crianças rejeitam a imagem do negro porque aprendem desde cedo os padrões de beleza europeus: pele branca, cabelo loiro e olhos claros. É preciso mudar essa realidade para que nossas crianças se aceitem e sejam felizes como são.


domingo, 13 de setembro de 2015

O Negro no Currículo Escolar

O NEGRO NO CURRÍCULO ESCOLAR




O afrodescendente tem no Brasil pelo menos uma experiência traumática relacionada à questão étnica na escola:

a) No capítulo sobre “O Corpo Humano” (livro de Ciências) há um desenho do corpo humano com um sujeito alto, forte, louro e de olhos azuis: um europeu. No Brasil, uma criança vê o desenho, olha ao redor, olha para si mesma, e não se reconhece. O corpo no desenho não faz muito sentido para ela; “Os currículos, programas, materiais e rituais pedagógicos privilegiam os valores europeus em detrimento dos valores de outros grupos étnico-raciais presentes na sociedade”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

b) O primeiro contato que a criança negra tem com sua cultura está no capítulo de escravidão, onde os negros estão acorrentados, apresentados como escravos: sem expressão de reação, passivos, sujeitos a maus-tratos, sem passado, sem família, sem alma, desenraizado (figuras de Debret ou Rugendas);

c) O currículo escolar não aborda o Continente Africano (de onde descendem 45% da população desde país – fonte do IBGE), tornando-o um mistério ou, pior ainda, visto como palco de terríveis guerras civis, epidemias pavorosas ou de países muito próximos da barbárie, onde a civilização parece não existir;

d) Estudamos um pouco de mitologia grego-romana. Sabemos quem foi Atenas, Zeus, Apolo. Mas quem sabe o nome de uma divindade africana? (Ogum, Omolu, Oxossi, Obatalá) Nós tivemos uma noção de quem foram os imperadores romanos, ouvimos falar de Nero, Marco Aurélio, mas pouco de nós saberiam dizer o nome de um rei africano como Haile Selassie. São poucos os que sabem das diversas etnias, como Banto, Nagô, Benguela, Jeje entre tantas, que ajudaram a formar essa nação.
“Caso o Brasil fosse um país sem nenhuma imigração africana de importância, não seria surpreendente os currículos escolares dispensarem estes conteúdos. Mesmo assim, por razões da história da humanidade, ou mesmo da história econômica do capitalismo, seria indispensável um conhecimento da história africana. Surpreendente e impensável é um país que, nos seus pelo menos quatro séculos teve não somente a imigração maciça, como também tem a maioria da sua população descendente de africanos, não ter a História da África nos currículos escolares”. (Profº. Dr. Henrique Cunha Jr.).

e) As imagens estereotipadas ou a invisibilidade do negro nos livros didáticos interferem na constituição da auto-imagem. Além disso, os processos educativos e culturais brasileiros produzem uma ausência de caminhos para a formação da identidade negra positiva, pois a divulgação da cultura negra é exígua, resumindo-se apenas na produção musical ou folclórica (samba, capoeira,...).
 “Os estereótipos sobre o negro podem se constituir em uma variável importante para explicar o fracasso escolar das crianças negras”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

f) No relacionamento das crianças, é natural a violência verbal, expressa na maioria das vezes, pela ênfase a cor da pele. O educador raramente intervem, sendo omisso numa situação conflitante para a identidade da criança negra.
“Ser chamado pelo nome próprio ou por apelido afetivo-familiar é importante para a construção da auto-estima e identidade étnico-racial. A distinção do outro pela cor da sua pele, pelo gênero ou direção sexual, desqualifica a pessoa enquanto ser humano e cidadão. As pessoas a quem se confere os atributos de humanidade e cidadania não são nomeadas pela sua pele, pelo seu gênero ou direção sexual: como o branco, o homem, o heterossexual. Pais e professores devem estimular seus filhos e alunos a não aceitarem ser chamados ou xingados por apelidos depreciativos, como um princípio formativo de auto-estima, auto-respeito e fortalecimento do ego”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

A auto-estima é uma das condições necessárias para um desempenho escolar satisfatório dos educandos. Dada as situações de racismo ou de dependência eurocêntrica da cultura educacional brasileira, vide alguns fatos do cotidiano escolar expostos acima, os processos de identidade e auto-estima positiva do alunado afrodescendente tem sido profundamente afetados, tendo como conseqüência o medo em ser negro, ou aflição em sê-lo e declarar-se. Os efeitos psicológicos são vários, indo da insegurança pessoal a propensão ao insucesso escolar e social. Os estímulos preconceituosos, vindos de fora, colaboram para a inibição do pensamento. A rejeição de si mesmo provoca a descaracterização de suas qualidades físicas, gerando o desejo de ter a cor branca, os lábios finos e os cabelos lisos, em busca de aceitação social. Portanto, quanto mais o negro estiver em contato com a realidade do seu corpo, com a história individual e coletiva que esse corpo contém, mais identificado estará com a vida que há nele, e menor importância dará às imposições externas, aceitando e valorizando suas características próprias.

O educador, enquanto mediador de processos de transformação na escola, deve atuar contra os preconceitos e pelo respeito à diversidade étnica. Ciente de seu papel, deverá buscar inserir-se neste processo, combinando em sua formação, ensinar, reaprender, refletir e comprometer-se com seu crescimento e com o de seus alunos. Ao olhar para os alunos que descendem de africanos, o professor comprometido com o combate ao racismo e a discriminação, deverá buscar os conhecimentos sobre a história e cultura deste aluno e de seus antecedentes. E ao fazê-lo, buscar compreender os preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural de educação.

Ao informar corretamente em sala de aula sobre as identidades ali presentes, o educador, baseado em fatores culturais e históricos reais, estará possibilitando que o processo de troca seja pautado por parâmetros de igualdade.
“A escola só será mais competente se nós fomos capazes de valorizar a diferença. Mas atenção: valorizar a diferença não significa exaltar a desigualdade. Diferença é um conceito cultural e igualdade é um conceito ético. Homens e mulheres, brancos e negros, brasileiros e estrangeiros: somos todos diferentes, jamais desiguais”. (Profº. Dr. Mário Sérgio Cortella).

Partindo da seguinte premissa, proferida pelo Prof. Dr. Rubem Alves:
“A educação, em essência, é precisamente isso: o exercício do Verbo”.

Muitos educadores resolvem praticar a educação projetando um olhar sensível e minucioso ao seu segmento fundamental: o educando. E na perspectiva de se construir sociedade e escolas democráticas, tem se empenhado em inserir nos currículos conteúdos/conhecimentos que tenham significado real para os alunos negros ou afrodescendentes. Desta forma, estão colocando em prática a Lei Federal 10.639/03 (que altera a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação – LDB), estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, público e particular.

Como diz o teólogo Leonardo Boff:
“Um ponto de vista é a vista a partir de um ponto”.

Se a escola não contempla a multiplicidade de pontos de vista, ela se caracteriza incompetente na medida em que discrimina, rejeita ou, o que é pior, “invisibiliza”. Assim, a produção da igualdade tem buscado construir no currículo escolar um conjunto de ações que chamamos de direitos. Uma abordagem que já vem sendo trabalhada pelos movimentos negros, de mulheres, indígenas, dos sem terra, etc.

Marisa do Nascimento Almeida

Campanha: onde você guarda o seu racismo?

Campanha: Onde você guarda o seu racismo?

Iniciativa da Secretaria de Educação do Paraná, esta série de videos aborda o racismo e o preconceito. Vale a pena conferir!! É só clicar no nome da campanha aí em cima :D

ESTUDANTE É PREMIADO POR TEXTO SOBRE RACISMO

Felipe Cândido Silva, aluno do Ensino Médio da Escola Professor Souza da Silveira, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi premiado no Concurso de Redação Folha Dirigida 2009. Felipe escreveu sobre o racismo no Brasil.
Confira:
Programa de reflexões e debates para a Consciência Negra
Por Felipe Cândido da Silva
Todos sabemos que no mundo há grandes diferenças entre  pessoas e que, por estupidez e ignorância, cria-se o preconceito, que gera muitos conflitos e desentendimentos, afetando muita gente. Porém, onde estão os Direitos Humanos que dizem que todos são iguais, se há tanta desigualdade no mundo?
Manchetes de jornais relatam: “Homem negro sofre racismo em loja”; “Mulheres recebem salários mais baixos que os homens”; “Rapaz homossexual é espancando na rua”; “Jovens de classe alta colocam fogo em mendigo”; “Hospitais públicos em condições precárias não conseguem atender pacientes”; “Ônibus não param para idosos”. “Escola em mau estado é interditada e alunos ficam sem aula”; e muitas outras barbaridades. Isso mostra que os governantes não estão fazendo a sua parte.
Mas pequenos gestos do dia a dia – como preferir descer do ônibus quando um negro entra nele; sentar no lugar de idosos, gestantes e deficientes físicos, humilhar uma pessoa por sua religião, opção sexual ou por terem profissões mais humildes – mostram que também precisamos mudar.
A questão da etnia vem sendo discutida no mundo todo, inclusive no Brasil, que é um país mestiço, onde ocorre a mistura, principalmente, de negros, brancos e índios. Por mais que se diga que todas as pessoas são iguais, independente da cor de sua pele, o racismo continua existindo. Músicas, brincadeiras, piadas e outras formas são usadas para discriminar os negros. Até mesmo a violência se faz presente, sem nenhum motivo lógico.
As escolas fazem sua parte criando disciplinas que mostram a importância que cada cultura tem para a cultura geral do  país. E educando as crianças para que não cometam os mesmos erros dos mais velhos, pois preconceito se aprende, ninguém nasce com ele.
Enfim, cada pessoa pode fazer a sua parte, acabando com qualquer tipo de discriminação que existe, com qualquer tipo de preconceito que sente, percebendo que todos nós somos iguais, independente de raça, credo, idade, condição social ou opção sexual. Esse é o primeiro passo para que cada um respeite os direitos dos outros. O direito de um acaba quando começa o do outro. E com a população conhecendo seus direitos e praticando seus deveres ela fica mais unida. E a voz que grita para que os direitos humanos sejam exercidos soará bem mais alta, pois já diz o ditado: “A união faz a força”.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios


Em quase todas as discussões sobre racismo, aparece alguém para dizer que já sofreu racismo por ser branco ou que conhece um amigo que sim. Pessoa, esse texto é para você.
Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui.
Em agosto deste ano, Danilo Gentili quis comparar o fato de ser chamado de palmito com o fato de um negro ser chamado de carvão. E disse ser vítima de racismo, mostrando o quanto ignora o conceito.
Não se pode confundir racismo com preconceito e com má educação. É errado xingar alguém, óbvio, ser chamado de palmito é feio e bobo, mas racismo não é. Para haver racismo, deve haver relação de poder, e a população negra não é a que está no poder. Acreditar em racismo reverso é mais um modo de mascarar esse racismo perverso em que vivemos. É a mesma coisa que acreditar em unicórnios, só que acreditar em cavalos com chifres não causa mal algum e não perpetua a desigualdade.
Esse vídeo de Aamer Rahman explica muito bem:

Veja o texto na íntegra em: https://sociologiareflexaoeacao.wordpress.com/2015/04/10/existe-racismo-reverso-tcha-tcha-tcha-assistam-a-aula-inteligente-da-historia-do-racismo-reverso-com-o-humor-sarcastico-de-aamer/

Racismo ou injúria racial?


Acredito que essa seja uma pergunta que nos cause algumas dúvidas. A imagem abaixo explica  de maneira bastante simples a diferença entre racismo e injúria racial.