quarta-feira, 16 de setembro de 2015

#Racismo: Uma questão cultural ou de caráter?

O mal da nossa sociedade é achar que tudo que se fala e se pratica é normal, e culpa o sentido cultural nisso. Há pessoas que xingam e ofendem um negro e acham isso o mais normal pela questão cultural de ser; no sul é comum os torcedores do Grêmio chamarem os torcedores do Internacional de macacos e generalizaram para os demais torcedores do Brasil.

Nos dias de hoje com toda a evolução social e cultural, ainda há barbaridades como essa, assim como dizer que a garota merecia ser estrupada.

A sociedade em geral está cada vez mais intolerante e subversiva, isso as vezes me assusta porque você não sabe com quem e com o que está se lidando num mundo afora. Isso é extremamente complicado para todos nós.

Não quero ser o pessimista, mas sendo um pouco racional, acho que isso não há solução. É da natureza do ser humano praticar a intolerância, a inveja, o ódio, a ganância, entre outros. A partir do momento em que se distorce os sentimentos, não se merece confiança.

De novo, a vergonha por mais uma manifestação racista no Estado do Rio Grande do Sul. Vergonha maior porque essa manifestação nojenta veio da torcida do Grêmio, o time pelo qual tenho simpatia desde criança. Vergonha porque não é a primeira, nem a segunda, nem a última vez. Enquanto não houver punição para esses idiotas que se dizem torcedores, continuaremos a lamentar o que aconteceu com Aranha, com Márcio Chagas, com Dani Alves e com tantos outros negros ofendidos em estádios. Aliás, o torcedor que chamou Dani Alves de macaco foi banido para a vida inteira dos estádios. Mas isso foi na Europa. Aqui o Grêmio emitiu uma nota de repúdio e muita gente vai achar que é suficiente. 

Não é!

Eu quero ver o que a justiça desportiva vai fazer. Aplicar multa? Banir o Grêmio da Copa do Brasil? Tirar o mando de campo por alguns jogos?

O que tem na cabeça essa mulher que aparece no vídeo xingando o jogador do Santos? Essa dona _ e os outros babacas que chamam adversários de “macaco imundo” ou fazem gestos que lembram os primatas _ devem achar que vieram ao mundo trazidos pela cegonha. Esquecem que somos todos descendentes de macacos e temos uma dívida histórica com os negros, por conta da escravidão.

Eu quero ver esses torcedores prestando serviços comunitários, lavando chão, pagando cestas básicas, sendo impedidos de ir aos estádios. Eu quero ver o Grêmio ajudando a polícia a identificar os criminosos. Sim, porque racismo é crime e está tipificado no Código Penal. Eu sei que os justos não podem pagar pelos pecadores, mas se os não-racistas ficam de braços cruzados diante de uma manifestação racista, e isso tem sido recorrente na Arena, merecem a punição de passar algum tempo sem poder ver seu time jogar. Defendi a puniçãopara o Esportivo, quando ocorreu com Márcio Chagas, reafirmo agora quando se trata do meu time do coração.

Estamos na Era das selfies e dos vídeos para tudo. Que cada um faça a sua parte e denuncie os criminosos que fazem manifestações racistas, para que um dia tenhamos respeito nos estádios de futebol.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Como a criança se percebe enquanto negra na sociedade?



Como a criança se percebe enquanto negra na sociedade? O vídeo acima nos responde a esse questionamento. As imagens são tocantes, mas servem como um alerta para a sociedade... As crianças rejeitam a imagem do negro porque aprendem desde cedo os padrões de beleza europeus: pele branca, cabelo loiro e olhos claros. É preciso mudar essa realidade para que nossas crianças se aceitem e sejam felizes como são.


domingo, 13 de setembro de 2015

O Negro no Currículo Escolar

O NEGRO NO CURRÍCULO ESCOLAR




O afrodescendente tem no Brasil pelo menos uma experiência traumática relacionada à questão étnica na escola:

a) No capítulo sobre “O Corpo Humano” (livro de Ciências) há um desenho do corpo humano com um sujeito alto, forte, louro e de olhos azuis: um europeu. No Brasil, uma criança vê o desenho, olha ao redor, olha para si mesma, e não se reconhece. O corpo no desenho não faz muito sentido para ela; “Os currículos, programas, materiais e rituais pedagógicos privilegiam os valores europeus em detrimento dos valores de outros grupos étnico-raciais presentes na sociedade”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

b) O primeiro contato que a criança negra tem com sua cultura está no capítulo de escravidão, onde os negros estão acorrentados, apresentados como escravos: sem expressão de reação, passivos, sujeitos a maus-tratos, sem passado, sem família, sem alma, desenraizado (figuras de Debret ou Rugendas);

c) O currículo escolar não aborda o Continente Africano (de onde descendem 45% da população desde país – fonte do IBGE), tornando-o um mistério ou, pior ainda, visto como palco de terríveis guerras civis, epidemias pavorosas ou de países muito próximos da barbárie, onde a civilização parece não existir;

d) Estudamos um pouco de mitologia grego-romana. Sabemos quem foi Atenas, Zeus, Apolo. Mas quem sabe o nome de uma divindade africana? (Ogum, Omolu, Oxossi, Obatalá) Nós tivemos uma noção de quem foram os imperadores romanos, ouvimos falar de Nero, Marco Aurélio, mas pouco de nós saberiam dizer o nome de um rei africano como Haile Selassie. São poucos os que sabem das diversas etnias, como Banto, Nagô, Benguela, Jeje entre tantas, que ajudaram a formar essa nação.
“Caso o Brasil fosse um país sem nenhuma imigração africana de importância, não seria surpreendente os currículos escolares dispensarem estes conteúdos. Mesmo assim, por razões da história da humanidade, ou mesmo da história econômica do capitalismo, seria indispensável um conhecimento da história africana. Surpreendente e impensável é um país que, nos seus pelo menos quatro séculos teve não somente a imigração maciça, como também tem a maioria da sua população descendente de africanos, não ter a História da África nos currículos escolares”. (Profº. Dr. Henrique Cunha Jr.).

e) As imagens estereotipadas ou a invisibilidade do negro nos livros didáticos interferem na constituição da auto-imagem. Além disso, os processos educativos e culturais brasileiros produzem uma ausência de caminhos para a formação da identidade negra positiva, pois a divulgação da cultura negra é exígua, resumindo-se apenas na produção musical ou folclórica (samba, capoeira,...).
 “Os estereótipos sobre o negro podem se constituir em uma variável importante para explicar o fracasso escolar das crianças negras”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

f) No relacionamento das crianças, é natural a violência verbal, expressa na maioria das vezes, pela ênfase a cor da pele. O educador raramente intervem, sendo omisso numa situação conflitante para a identidade da criança negra.
“Ser chamado pelo nome próprio ou por apelido afetivo-familiar é importante para a construção da auto-estima e identidade étnico-racial. A distinção do outro pela cor da sua pele, pelo gênero ou direção sexual, desqualifica a pessoa enquanto ser humano e cidadão. As pessoas a quem se confere os atributos de humanidade e cidadania não são nomeadas pela sua pele, pelo seu gênero ou direção sexual: como o branco, o homem, o heterossexual. Pais e professores devem estimular seus filhos e alunos a não aceitarem ser chamados ou xingados por apelidos depreciativos, como um princípio formativo de auto-estima, auto-respeito e fortalecimento do ego”. (Profª. Dra. Ana Célia da Silva).

A auto-estima é uma das condições necessárias para um desempenho escolar satisfatório dos educandos. Dada as situações de racismo ou de dependência eurocêntrica da cultura educacional brasileira, vide alguns fatos do cotidiano escolar expostos acima, os processos de identidade e auto-estima positiva do alunado afrodescendente tem sido profundamente afetados, tendo como conseqüência o medo em ser negro, ou aflição em sê-lo e declarar-se. Os efeitos psicológicos são vários, indo da insegurança pessoal a propensão ao insucesso escolar e social. Os estímulos preconceituosos, vindos de fora, colaboram para a inibição do pensamento. A rejeição de si mesmo provoca a descaracterização de suas qualidades físicas, gerando o desejo de ter a cor branca, os lábios finos e os cabelos lisos, em busca de aceitação social. Portanto, quanto mais o negro estiver em contato com a realidade do seu corpo, com a história individual e coletiva que esse corpo contém, mais identificado estará com a vida que há nele, e menor importância dará às imposições externas, aceitando e valorizando suas características próprias.

O educador, enquanto mediador de processos de transformação na escola, deve atuar contra os preconceitos e pelo respeito à diversidade étnica. Ciente de seu papel, deverá buscar inserir-se neste processo, combinando em sua formação, ensinar, reaprender, refletir e comprometer-se com seu crescimento e com o de seus alunos. Ao olhar para os alunos que descendem de africanos, o professor comprometido com o combate ao racismo e a discriminação, deverá buscar os conhecimentos sobre a história e cultura deste aluno e de seus antecedentes. E ao fazê-lo, buscar compreender os preconceitos embutidos em sua postura, linguagem e prática escolar; reestruturar seu envolvimento e se comprometer com a perspectiva multicultural de educação.

Ao informar corretamente em sala de aula sobre as identidades ali presentes, o educador, baseado em fatores culturais e históricos reais, estará possibilitando que o processo de troca seja pautado por parâmetros de igualdade.
“A escola só será mais competente se nós fomos capazes de valorizar a diferença. Mas atenção: valorizar a diferença não significa exaltar a desigualdade. Diferença é um conceito cultural e igualdade é um conceito ético. Homens e mulheres, brancos e negros, brasileiros e estrangeiros: somos todos diferentes, jamais desiguais”. (Profº. Dr. Mário Sérgio Cortella).

Partindo da seguinte premissa, proferida pelo Prof. Dr. Rubem Alves:
“A educação, em essência, é precisamente isso: o exercício do Verbo”.

Muitos educadores resolvem praticar a educação projetando um olhar sensível e minucioso ao seu segmento fundamental: o educando. E na perspectiva de se construir sociedade e escolas democráticas, tem se empenhado em inserir nos currículos conteúdos/conhecimentos que tenham significado real para os alunos negros ou afrodescendentes. Desta forma, estão colocando em prática a Lei Federal 10.639/03 (que altera a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação – LDB), estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, público e particular.

Como diz o teólogo Leonardo Boff:
“Um ponto de vista é a vista a partir de um ponto”.

Se a escola não contempla a multiplicidade de pontos de vista, ela se caracteriza incompetente na medida em que discrimina, rejeita ou, o que é pior, “invisibiliza”. Assim, a produção da igualdade tem buscado construir no currículo escolar um conjunto de ações que chamamos de direitos. Uma abordagem que já vem sendo trabalhada pelos movimentos negros, de mulheres, indígenas, dos sem terra, etc.

Marisa do Nascimento Almeida

Campanha: onde você guarda o seu racismo?

Campanha: Onde você guarda o seu racismo?

Iniciativa da Secretaria de Educação do Paraná, esta série de videos aborda o racismo e o preconceito. Vale a pena conferir!! É só clicar no nome da campanha aí em cima :D

ESTUDANTE É PREMIADO POR TEXTO SOBRE RACISMO

Felipe Cândido Silva, aluno do Ensino Médio da Escola Professor Souza da Silveira, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi premiado no Concurso de Redação Folha Dirigida 2009. Felipe escreveu sobre o racismo no Brasil.
Confira:
Programa de reflexões e debates para a Consciência Negra
Por Felipe Cândido da Silva
Todos sabemos que no mundo há grandes diferenças entre  pessoas e que, por estupidez e ignorância, cria-se o preconceito, que gera muitos conflitos e desentendimentos, afetando muita gente. Porém, onde estão os Direitos Humanos que dizem que todos são iguais, se há tanta desigualdade no mundo?
Manchetes de jornais relatam: “Homem negro sofre racismo em loja”; “Mulheres recebem salários mais baixos que os homens”; “Rapaz homossexual é espancando na rua”; “Jovens de classe alta colocam fogo em mendigo”; “Hospitais públicos em condições precárias não conseguem atender pacientes”; “Ônibus não param para idosos”. “Escola em mau estado é interditada e alunos ficam sem aula”; e muitas outras barbaridades. Isso mostra que os governantes não estão fazendo a sua parte.
Mas pequenos gestos do dia a dia – como preferir descer do ônibus quando um negro entra nele; sentar no lugar de idosos, gestantes e deficientes físicos, humilhar uma pessoa por sua religião, opção sexual ou por terem profissões mais humildes – mostram que também precisamos mudar.
A questão da etnia vem sendo discutida no mundo todo, inclusive no Brasil, que é um país mestiço, onde ocorre a mistura, principalmente, de negros, brancos e índios. Por mais que se diga que todas as pessoas são iguais, independente da cor de sua pele, o racismo continua existindo. Músicas, brincadeiras, piadas e outras formas são usadas para discriminar os negros. Até mesmo a violência se faz presente, sem nenhum motivo lógico.
As escolas fazem sua parte criando disciplinas que mostram a importância que cada cultura tem para a cultura geral do  país. E educando as crianças para que não cometam os mesmos erros dos mais velhos, pois preconceito se aprende, ninguém nasce com ele.
Enfim, cada pessoa pode fazer a sua parte, acabando com qualquer tipo de discriminação que existe, com qualquer tipo de preconceito que sente, percebendo que todos nós somos iguais, independente de raça, credo, idade, condição social ou opção sexual. Esse é o primeiro passo para que cada um respeite os direitos dos outros. O direito de um acaba quando começa o do outro. E com a população conhecendo seus direitos e praticando seus deveres ela fica mais unida. E a voz que grita para que os direitos humanos sejam exercidos soará bem mais alta, pois já diz o ditado: “A união faz a força”.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios


Em quase todas as discussões sobre racismo, aparece alguém para dizer que já sofreu racismo por ser branco ou que conhece um amigo que sim. Pessoa, esse texto é para você.
Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder. Negros não possuem poder institucional para serem racistas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui.
Em agosto deste ano, Danilo Gentili quis comparar o fato de ser chamado de palmito com o fato de um negro ser chamado de carvão. E disse ser vítima de racismo, mostrando o quanto ignora o conceito.
Não se pode confundir racismo com preconceito e com má educação. É errado xingar alguém, óbvio, ser chamado de palmito é feio e bobo, mas racismo não é. Para haver racismo, deve haver relação de poder, e a população negra não é a que está no poder. Acreditar em racismo reverso é mais um modo de mascarar esse racismo perverso em que vivemos. É a mesma coisa que acreditar em unicórnios, só que acreditar em cavalos com chifres não causa mal algum e não perpetua a desigualdade.
Esse vídeo de Aamer Rahman explica muito bem:

Veja o texto na íntegra em: https://sociologiareflexaoeacao.wordpress.com/2015/04/10/existe-racismo-reverso-tcha-tcha-tcha-assistam-a-aula-inteligente-da-historia-do-racismo-reverso-com-o-humor-sarcastico-de-aamer/

Racismo ou injúria racial?


Acredito que essa seja uma pergunta que nos cause algumas dúvidas. A imagem abaixo explica  de maneira bastante simples a diferença entre racismo e injúria racial. 


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

I Love paraisópolis aborda o tema Racismo no Brasil


Novela  I Love paraisópolis  aborda o tema racismo

Imagem: Reprodução Tv Globo

A novela “I Love Paraisópolis” chamou a atenção nos capítulos de terça e quarta-feira ao abordar de forma corajosa e real a questão do racismo no Brasil. Tudo começou no capítulo de terça-feira, quando a vilã Soraya, vivida por Leticia Spiller, ofendeu sua terapeuta, Patricia interpretada por Lucy Ramos, em um restaurante ao dizer: “Tinha que ser preta”, após ser rejeitada por ela.

Na companhia do namorado, Lindomar (Gil Coelho), a psicóloga pediu a Soraya que repetisse a ofensa, no que foi atendida. A vilã, então, foi presa por injúria racial e saiu algemada do restaurante.

No capítulo de ontem, quarta-feira a vilã foi condenada por quase todos os demais personagens da história. Seu marido, Gabo (Henri Castelli), tentou – sem sucesso – subornar Patricia e Lindomar, para que retirassem a queixa e mudassem o depoimento contra Soraya.

Izabelita vivida por Nicete Bruno, mãe da vilã, fez um discurso forte e emocionante contra o racismo. Depois de dar um tapa na cara da filha, ela disse: “Você jogou na sarjeta toda a educação que eu e seu pai lutamos tanto para dar a você. Você é totalmente desumana, Soraya, incapaz de entender que todas as pessoas são iguais”.

Durante uma conversa da personagem Margot (Maria Casa Devall), Patrícia diz que Soraya é apenas uma perua descontrolada e que pensa em retirar a queixa por que se pergunta se valerá a pena levar o processo adiante. E ouve da amiga um discurso que é digno de aplausos: Isso é muita coisa Patri, você sabe como é esse país, uma terra sem lei, um antro de corruptos sim, por que um país onde só tem acesso a educação e saúde são os ricos. Não! Os ricos e os brancos, por que sim, o Brasil foi o último país das américas da conceder a abolição da escravatura e eu te pergunto: que abolição foi essa, se os negros até hoje são tratados da pior fora possível? Quantos jovens negros são mortos todos os dias você sabe? A gente vive sim em uma sociedade hipócrita onde ninguém é racista, eu não sou racista, agora deixa o menino negro parar em frente a uma loja da Oscar Freire para você ver se ele não vai ser tratado como um trombadinha ou de forma diferente e eu te pergunto: até quando Patrícia?

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Desigualdade social caiu, mas desigualdade racial persiste

Embora muitos insistam em afirmar que não existe racismo no Brasil, verifica-se que este se faz presente de forma velada, muitas vezes escondido por trás de piadas, músicas e programas de televisão. No entanto essas perspectivas do racismo ainda são insuficientes para se pensar a dimensão e gravidade do problema racial no Brasil. A desigualdade no Brasil é essencialmente marcada por pobres negros e ricos brancos. Observa-se que a população negra é aquela que concentra os menores índices de escolaridade e aquela que acumula historicamente os piores postos de trabalho, implicando, com isso, baixa remuneração.

Baseado na atual definição governamental (Brasil Sem Miséria, Decreto 7492) de pobreza ou extrema pobreza (miséria ou indigência), estudo do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (LAESER) calculou a evolução da proporção de pobres e extremamente pobres da população residente no Brasil segundo os grupos de cor ou raça. Os indicadores foram tabulados a partir dos microdados da PNAD entre os anos de 2003 e de 2013.

Segundo o estudo, no ano de 2003, 10,7% da população brasileira (cerca de 18,5 milhões de pessoas) encontrava-se abaixo da linha da extrema pobreza. Dez anos depois, em 2013, a proporção de extremamente pobres era de 4,9% (por volta de 9,4 milhões de pessoas).
Em 2013, em todo o Brasil, o peso relativo da população preta & parda abaixo da linha da extrema pobreza era de 69%. Em 2003, dez anos antes, o mesmo percentual era de 69,3%. Já os brancos representavam 29,4% do total de extremamente pobres, em 2013; e 30,2%, em 2003. No caso da população abaixo da linha de pobreza, o peso dos pretos & pardos se elevou na última década, como mostra o gráfico abaixo.

O teu cabelo não nega...


Os conceitos e juízos de beleza baseados nas características da população negra não são valorizados em nossa sociedade que tenta a todo custo eliminar qualquer manifestação de negritude contida na mesma.

A questão da negação da estética é sempre comum quando se refere ao cabelo Afro.Muitas vezes são utilizadas expressões racistas, principalmente na fase da infância, pelos colegas, “Cabelo ruim”, “Cabelo de Bombril”, “Cabelo duro”. Tais expressões se perpetuam em universidades, ambientes de trabalho e até em programas de televisão, com a presença negra aumentando na mídia. Falar mal das características dos cabelos dos negros também é racismo.

Uma forma de abordar esse assunto com os pequenos é trabalhar com a história O Cabelo de Lelê, da escritora Valéria Belém, a fim de que possam perceber desde cedo que não existe cabelo bom ou ruim, apenas cabelos diferentes.




Lei institui valorização da África


Um passo muito significativo para o ensino foi dado com a Lei no 10.639. A criação dessa lei provocou uma ruptura na ordem dos currículos ao propor um conhecimento científico mais moderno que contraria à superioridade da produção cultural europeia. Ou seja, o mundo não não se limita mais às vitórias ou fracassos do continente europeu. 

O documento determina que a história da África seja tratada sob um ponto de vista positivo, deixando de dar ênfase às denúncias de miséria que atinge o continente e dando mais importância, por exemplo, aos anciãos como forma de preservação da memória e a religiosidade.Tais temas passam a fazer parte do currículo, assim como o conhecimento da contribuição dos egípcios para o desenvolvimento da humanidade.

Todo simbolismo da cultura africana deve ser ressaltado particularmente em Artes, Literatura e História do Brasil. Além disso, os professores precisam valorizar a identidade negra e procurar capacitações afim de term instrumentos suficientes para acabar com o mito da democracia racial no Brasil, criado durante o regime militar (1964-1985). Segundo Cidinha da Silva, historiadora e presidente do Instituto da Mulher Negra (Geledés), de São Paulo, "quem estudou nas décadas de 1970 e 1980 aprendeu nos livros que o apartheid era um fenômeno de segregação racial restrito à África do Sul e que no Brasil não existia racismo. Não podemos mais acreditar nisso" 

Para que a lei não fique só no papel, é primordial que haja acesso a material e formação sobre a temática racial na educação. Logo, esse é o momento de buscar bibliografia sobre o assunto, eleger o tema para discussão em grupos de estudos e fomentar a criação de cursos nas escolas e  nas cidades sobre educação anti-racista. 


A cultura negra em sala de aula
ERROS 

- Abordar a história dos negros a partir da escravidão.

- Apresentar o continente africano cheio de estereótipos, como o exotismo dos animais selvagens, a miséria e as doenças, como a aids.

- Pensar que o trabalho sobre a questão racial deve ser feito somente por professores negros para alunos negros.

- Acreditar no mito da democracia racial.
ACERTOS 

- Aprofundar-se nas causas e consequências da dispersão dos africanos pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão.

- Enfocar as contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro.

- A questão racial é assunto de todos e deve ser conduzida para a reeducação das relações entre descendentes de africanos, de europeus e de outros povos.

- Reconhecer a existência do racismo no Brasil e a necessidade de valorização e respeito aos negros e à cultura africana.

Esse foi um resumo do texto Educação não tem cor. Para ler o texto na íntergra acesse a  Revista Nova Escola
O Racismo ainda persiste apesar de todas as ações para combater.

Apesar da bandeira de “Miscigenação” que o povo brasileiro levanta, quando falamos do racismo no Brasil, é possível através de dados estatísticos confirmarem que o Brasil é um país, em que o racismo esta latente. Segundo a antropóloga, Rosana Pinheiro Machado da universidade de Oxford. “Apesar de ter a ideologia da mistura, na verdade sempre foi o pior apartheids. Sabemos que o Brasil é visto como um país que não tem racismo, devido a sua cultura diversificada, seu carnaval, futebol, samba e muitos outros exemplos de cultura que teve a influência de povos indígenas, europeus e africanos. No entanto, basta observar ao seu redor, ligar a televisão, ir a uma agência bancária, um escritório de advocacia ou mesmo comprar uma revista de moda na banca de jornal. Segundo o censo de 2010, o Brasil tem 53,7% da população negra e parda e 47,3% da população branca, esta relação deveria permanecer na educação, na taxa de analfabetismo, universitários, população carcerária entre outras. Entretanto, não é o que mostram as pesquisas, provando mais uma vez como o racismo esta presente em nossa sociedade.

Este resumo foi feito do site: Pragmatismo político, artigo de Saullo Diniz.

Artigo na integra: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/05/nao-existe-racismo-no-brasil.html

sábado, 5 de setembro de 2015

Racismo na infância:as marcas da exclusão


Racismo na infância: as marcas da exclusão
Como uma pessoa se torna racista e que tipo de efeitos a criança vítima de discriminação carrega para a vida adulta? A reportagem que você lerá a seguir propõe uma reflexão sobre essas e outras perguntas
Por Maíra Streit


A pequena estudante*, de quatro anos, acordou alegre naquele dia. Estava orgulhosa por ter sido escolhida pela professora para ser a noivinha da festa junina da escola. Os cabelos crespos foram cuidadosamente arrumados pela mãe e enfeitados com um véu branco, que emoldurava um rosto expressivo e sorridente. Era para ser uma data especial na vida daquela criança. Porém, o encantamento durou pouco.
(Eastop – stock.xchng)
Durante a quadrilha, a avó do colega que fez par com a menina mostrou indignação ao ver que o neto dançaria com uma aluna negra. Dias depois, voltou à escola para tirar satisfações. Segundo consta no boletim de ocorrência registrado pela família da vítima, a senhora de 54 anos entrou aos berros, perguntando por que fizeram o neto, que é branco, dançar com aquela “preta feia, horrorosa”.
A professora Denise Aragão lembra que tentou, em vão, conter a agressora, que continuava a gritar insultos racistas. As pessoas da sala ao lado vieram acompanhar o que estava acontecendo e a menina ficou em um canto, ouvindo tudo. Ela era a única negra em meio a uma turma de 14 crianças brancas. “Isso mexeu tanto comigo, foi uma chibatada. Tinha muita maldade naquelas palavras”, conta a educadora.
Denise denunciou as ofensas à responsável pelo colégio, que tratou a situação com desdém. “A diretora disse que isso acontece sempre e, se fosse brigar com cada família preconceituosa, a escola já estaria fechada”, afirma. Inconformada com a conivência de quem deveria ajudar a proteger os alunos, ela pediu demissão. Esperou dois dias para ver se os pais seriam comunicados e, quando viu que nada foi feito, resolveu ligar para a mãe da menina para contar tudo.
A massoterapeuta Fátima Souza disse que tinha mesmo estranhado o comportamento da filha. No dia em que foi humilhada na escola, a criança não conseguiu comer nem dormir direito e estava muito assustada. Depois disso, passou a vomitar com frequência, tinha crises de choro e pânico de ficar longe dos pais.
Mais de um ano após o episódio, as sequelas permanecem. Fátima conta que a filha faz acompanhamento psicológico uma vez por semana desde o fato, mas a recuperação do trauma é um processo lento. “Ela era muito independente, esperta, resolvia tudo sozinha. Hoje, chora por qualquer coisa, diz que é negra, feia e que eu não gosto dela. Isso causou um estrago na vida da minha filha. É muito doído”, emociona-se.
O caso aconteceu em uma escola particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, mas poderia ter sido em qualquer outro lugar do Brasil. A realidade da discriminação racial no país faz com que muitas pessoas sejam submetidas, todos os dias, ao ódio e à intolerância. E o que pouca gente percebe é que tipo de consequências isso pode trazer quando a vítima é uma criança, em processo de formação da própria identidade.
De acordo com a diretora-presidente do Instituto AMMA Psique e Negritude, Maria Lúcia da Silva, entre 8 meses e 3 anos de idade, o ser humano começa a notar as diferenças físicas entre ele e os outros. A especialista destaca que, nesse período, é fundamental que ele se sinta aceito, acolhido e valorizado nessas diferenças. “Esse poderá ser o início do conflito que o bebê ou a criança irá travar com seu corpo com base nas representações negativas que a sociedade tem e que se manifestam através de toques, olhares, chacotas, apelidos e imagens depreciativas”, explica.
Ela ressalta que o desenvolvimento da autoestima se dá nos primeiros anos de vida, por meio do modo com que a criança é tratada pela família e também nas relações sociais. A inferiorização de determinados grupos raciais não deve ser negligenciada, sobretudo na infância. Na opinião de Maria Lúcia, as brincadeiras pejorativas entre colegas, muitas vezes tidas como “inocentes”, podem esconder padrões de comportamentos que ajudam a perpetuar o racismo na sociedade. “Ao ser xingada, a criança sente-se humilhada, envergonhada. Ela é destituída de seu nome próprio e de sua humanidade quando, por exemplo, lhe atribuem alguma característica animal”, alerta. Entre os efeitos da constante exposição a situações vexatórias, estariam o sentimento de desvalorização, a rejeição da própria imagem, a inibição e a dificuldade de confiar em si mesma.
O mito da democracia racial
E como as relações de dominação étnico-racial são aprendidas nessa fase? Para a professora e doutora em Psicologia Social pela Universidade de Brasília (UnB) Jaqueline de Jesus, não é preciso que se diga explicitamente a uma criança que uma parcela da sociedade é considerada menos importante do que a outra. Os exemplos não são poucos e estão na televisão, nos livros didáticos e nos espaços subalternos, geralmente vinculados à servidão a pessoas brancas.
Ela acredita que a ideia de lugares adequados e inadequados para negros, por exemplo, pode ser o primeiro impacto para crianças que testemunham a segregação ainda existente hoje. “O racismo fica explícito quando se observa que a população pobre é majoritariamente negra, que as seleções de emprego preferem as pessoas brancas, quando a maioria da população carcerária é negra, quando leis contra o racismo simplesmente não são aplicadas”, destaca.
A opinião da psicóloga é confirmada pelas estatísticas. Um estudo, lançado em 2010 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostrou que, no Brasil, vivem 31 milhões de meninas e meninos negros e 140 mil indígenas. Ao todo, representam 54,5% de todas as crianças e adolescentes do país. Mesmo sendo a maioria da população nessa faixa etária, o acesso a serviços básicos de Saúde, Educação e à moradia para eles é bem diferente. Segundo o levantamento, uma criança negra tem 70% mais risco de ser pobre do que uma criança branca.
O respeitado sociólogo Florestan Fernandes (1920-1995) costumava dizer que os brasileiros têm “preconceito de ter preconceito”, no sentido de que existe um esforço maior em negar o preconceito no País do que, efetivamente, em buscar soluções para combatê-lo. Jaqueline concorda com a ideia e defende que o primeiro passo para mudar esse quadro é acabar com a falsa concepção de que aqui existe uma “democracia racial”, o que seria responsável por mascarar uma série de desigualdades. “O cínico racismo brasileiro é um legado histórico e social no qual estamos incluídos, e que, mantido estruturalmente pela lógica do sistema econômico vigente, ressignificou o antigo escravo negro, agora livre, como um subcidadão, uma pessoa com menos capacidades intelectuais e técnicas do que um branco”, afirma.
O papel da escola   
O investimento em Educação seria um dos meios mais eficazes para garantir uma mudança real na sociedade. Disso, ninguém duvida. Porém, pesquisas revelam que, nessa área, está longe de haver uma igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos. Ainda segundo os dados publicados pelo Unicef, uma criança negra entre 7 e 14 anos tem 30% mais chance de estar fora da escola. E uma criança indígena tem quase três vezes mais chance de não frequentar as salas de aula em relação a uma criança branca na mesma faixa etária. Se o acesso ao ensino é difícil, permanecer nos bancos escolares também pode não ser uma tarefa simples.
Para a assistente social e mestre em Educação pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Yvone Costa, a escola precisa se firmar como um espaço que valoriza a diversidade cultural, a troca de experiências, o respeito mútuo e, dessa forma, ajudar a promover a desconstrução de estereótipos racistas. “No cotidiano das instituições de educação infantil, percebemos crianças negras querendo os seus cabelos ruivos, louros e escorridos. Isto é, buscando a ideia do belo que lhes é transmitida através de um processo excludente e preconceituoso”, observa.
Yvone ressalta que faltam projetos pedagógicos dispostos a ir além da visão eurocêntrica dos currículos escolares e, assim, as crianças acabam reproduzindo aquilo que é ditado pelo senso comum. Ela atribui a situação, entre outros fatores, à má qualidade da formação dos professores e à ausência de condições adequadas para o exercício da profissão.
Como forma de tentar incentivar uma educação mais inclusiva, em 2003 foi aprovada a Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino da História e da Cultura Afrobrasileira nas escolas públicas e privadas. Embora reconheça a iniciativa como uma conquista dos movimentos sociais, Yvone reforça que é preciso colocá-la em prática no dia a dia dos alunos, e não apenas como um assunto a ser discutido em datas pontuais, como o Dia do Índio ou da Abolição da Escravatura.
Para ler com as crianças:
O Menino Marrom
Ziraldo
O livro revela a amizade entre dois meninos, um negro e um branco. O autor utiliza a convivência e as aventuras deles para pontuar as diferenças humanas e falar sobre preconceito.



Cabelo Ruim? – A história de três meninas aprendendo a se aceitar
Neusa Baptista Pinto
A descoberta da beleza e da autoaceitação são o assunto central desse livro, que traz como personagens três meninas negras e pobres que enfrentam manifestações preconceituosas em relação ao seu cabelo crespo. Aos poucos, elas vão aprendendo a amá-lo do jeito que ele é.

Meu Vô Apolinário: Um mergulho no rio da minha memória
Daniel Munduruku
O autor resgata as memórias de como os ensinamentos de seu avô o motivaram a conhecer e se orgulhar da sua ancestralidade, relatando fatos da própria trajetória como criança indígena. Além disso, narra diversas histórias de seu povo, passadas de geração em geração.




Texto extraído da revista Fórum

Flávia e o bolo de chocolate

Oi gente, de repente me lembrei desse livro que foi assim um achado muito rico para mim, quando estive no CCBB RJ para visitar a exposição de Picasso e passei na Livraria da Travessa, daí sentei como sempre faço nas cadeirinhas reservadas para a literatura infantil e estava lá como um presente dos céus para mim: FLÁVIA E O BOLO DE CHOCOLATE  é  um livro maravilhoso  que todos deveriam ler, fala sobre a questão racial e muito mais do que isso, fala como o amor pode superar todos os preconceitos, todas as barreiras de forma doce e envolvente .
É um livro muito lindo não tem como não se apaixonar por ele. Esse livro de Miriam Leitão para mim uma grande surpresa pois logo associei o nome da autora com a tv e o jornalismo somente, não imaginava quando abri o livro do que se tratava. me arrependi muito de não tê-lo comprado, mas assim que puder visito outra livraria em busca desse e de outros livros que falem do tema. Não vou falar mais pois deixo para a sua curiosidade. LEIAM FLÁVIA E O BOLO E CHOCOLATE!!! E para os professores ótimo material para trabalhar em sala de aula. Simplesmente demais!!!

Um pouquinho de História para refletirmos sore as questões culturais do racismo.

Racismo


O racismo consiste numa teoria que defende a existência de características que podem diferenciar os homens por meio da detecção dessas. A origem do termo vem do latim ratio, que significa categoria, sorte ou espécie. A partir do século XVII essa palavra foi empregada com o sentido de assinalar as diferenças físicas existentes entre os diferentes tipos humanos.

Foi a partir desse momento que a procura e identificação das diferenças entre os homens deixou de ser um simples exercício de classificação e identificação. A partir de então, a distinção racial serviu para que certos cientistas defendessem a idéia de que existiam raças “melhores” e “piores”. No século XVIII, as distinções raciais se limitavam à cor da pele, dividindo os grupos humanos entre as raças negra, branca e amarela.

No século seguinte, esses três critérios de distinção racial ganharam novas características morfológicas que definiram as raças com maior precisão. Nessa mesma época, as reinterpretações da teoria darwinista acabaram legitimando uma hierarquia onde a raça branca seria vista como o grau máximo do desenvolvimento físico e mental dos seres humanos. Com isso, asiáticos, mestiços e negros seriam colocados em patamares de menor grau de desenvolvimento.

Além disso, o racismo deixou de incorporar conceitos de natureza estritamente biológica para também defender a associação entre certos valores morais e estados psicológicos e uma raça. Tais conceitos ganharam enorme força na Europa do século XIX, principalmente a partir do processo de colonização dos continentes africano e asiático. O predomínio do “homem europeu branco” seria justificado por meio de uma pseudo-ciência defensora da necessidade de se civilizar as chamadas “raças indolentes”.

No século XX, o racismo ganhou novos desdobramentos e teorias cada vez mais incoerentes. O cientista italiano Cesare Lombroso, por exemplo, fundou a fisiognomonia, teoria em que julgava ser possível deduzir o comportamento do indivíduo por meio da simples observância de suas características físicas. Paralelamente, outras teorias defendiam o aprimoramento moral dos homens pela manutenção de uma raça pura e a aversão às misturas raciais.

Certamente, foi nesse contexto de idéias que as teorias raciais de Adolf Hilter e do nazismo buscaram todo sua justificação. O ideário nazista considerava que os judeus, negros e ciganos deveriam ser isolados do território alemão para que a “raça ariana” pudesse manter sua hegemonia. Além disso, o apartheid entre negros e brancos, ocorrido na África do Sul, poderia também ser considerado como um fruto direto das teorias racistas.

Atualmente, as ciências biológicas comprovaram que o racismo não tem nenhuma sustentação cientificamente verificável. Cientistas provaram que as raças não existem enquanto método classificatório, pois todos os homens estão sujeitos a diferenciações genéticas incapazes de determinar certas habilidades, valores, ou padrões de comportamento. Entretanto, muitas pessoas insistem em se auto-afirmar ou ofender determinados grupos por meio de concepções de natureza racista.


Por Rainer Sousa
Mestre em História


Texto disponível em: http: www.mundoeducacao.com/sociologia/racismo.htm

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Deixe aqui a sua opinião:

Como o preconceito pode influenciar na construção da identidade?

O racismo é cultural?

Como a criança se percebe enquanto negra na sociedade?

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Literatura Infanto Juvenil X Preconceito

Sabemos que o racismo ainda é algo muito presente na sociedade atual. O povo negro ainda é bastante discriminado. Devemos ter em mente que, diante deste quadro, a sala de aula não é um território neutro. Ainda que os profissionais de uma escola se preocupem em tratar todos da mesma maneira, a discriminação ainda se faz presente. É só refletirmos sobre os livros utilizados na escola. Qual deles mostra famílias negras felizes e bem sucedidas? Quantos príncipes, princesas, reis e rainhas são negros? Quantos heróis negros são retratados na literatura? Qual o significado de ser despertado para o prazer da leitura sem ver personagens com uma cor semelhante a sua sendo representados de forma positiva nas páginas de um livro?
Sentimentos de inferioridade e auto-rejeição são as conseqüências mais comuns na auto-estima de quem não se reconhece nas histórias contadas na escola. Muitos alunos passam a se enxergar com uma cor que não é a sua por quererem ser aceitos pelo grupo e pela sociedade. Para superar essas dificuldades é necessário se repensar o currículo escolar. Já que as histórias consagradas do mundo de faz-de-conta são de origem européia, é necessário trabalhar, além delas, lendas e histórias de outros povos como os africanos, os orientais, os indígenas...
Seguem algumas sugestões de materiais que podem ser trabalhados com alunos desde a educação infantil, buscando que eles se reconheçam dentro das diferentes culturas.


*Este poema é parte do projeto Preticências e outras mirabolâncias, de Marcelo Serralva, que fala da identidade negra para crianças, de forma leve e lúdica. A ideia é que os poemas sejam compartilhados e usados em sala de aula sem restrições.

Com esse poema é possível iniciar um debate sobre a predominância de príncipes e princesas brancos na literatura. Além disso, é possível discutir o uso dos termos negro, preto, afro-brasileiro e afro-descendente, a fim de perceber que nenhum desse termos é pejorativo porém, o que pode torná-los ofensivos é a intencionalidade de quem os usa.


A Coleção As Aventuras de Luana tem como personagem principal uma menina de oito anos, capoeirista e que mora em Cafindé, vila fictícia remanescente de um quilombo. Sua turma de amigos é miscigenada, demonstrando claramente a intenção de não ser um projeto direcionado só às crianças negras, mas sim à todo o publico infantil. Com seu berimbau mágico, Luana se transporta para outras épocas e lugares, nos levando a descobertas inacreditáveis. Entre outras coisas, nos ensina o valor da nossa cultura e a importância das diferentes raças na formação do povo brasileiro. 


O livro de Daniel Munduruku, nos apresenta Kabá Darebu, um menino índio que conta, com sabedoria e poesia, o jeito de ser de sua gente, os Munduruku.


O livro traz uma fábula oriental que nos fala sobre ética e honestidade.
Racismo hoje

O que percebo é que a sociedade brasileira ainda traz consigo heranças da nossa história de colonização. O racismo ainda esta presente e de maneira muito camuflada ás vezes. É necessário acontecer uma situação grave e aparecer na mídia para que este tema seja discutido, pelo menos no primeiro momento, quando a notícia ainda esta recente. Faz-se necessário uma maior mobilização por parte das entidades educacionais, colocar em seus planejamentos, projetos pedagógicos e debates o tema racismo. Não basta discutir o fato ocorrido com uma celebridade, mais do que isto, precisamos trazer para reflexões dentro da escola.

terça-feira, 1 de setembro de 2015


Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_aPYuKiKFMg

Brasil atualiza o racismo por não discutir “branquitude”






Nos debates sobre raças e racismo pouco se fala sobre “branquitude”. E foi a partir desta constatação que a pedagoga e professora de educação infantil, Luciana Alves, demonstrou que ações afirmativas, como a lei sobre ensino da cultura africana, só fazem sentido se forem realizadas em ambiente de reflexão e reconstrução sobre o “ser branco”.
O tema “miscigenação” é muito falado no Brasil, mas o que se esconde por trás desse discurso é uma cultura que atualiza o racismo. A escola se apresenta como instituição discriminatória, onde o assunto “branquitude” é pouquíssimo discutido nos debates sobre raça. Essa situação colabora para que o branco se sinta superior e em posição de neutralidade a respeito do tema, fazendo perpetuar a “positividade da brancura” e os estereótipos negativados do “ser negro”.
 Segundo Luciana, a melhor forma de não atualizar a discriminação nas salas de aula é colocar o tema “branquitude” em pauta. “É preciso entender que os brancos também formam um grupo racial que defende seus interesses, e acabam se beneficiando, direta ou indiretamente com o racismo”, diz a pesquisadora. Ela acredita que deve haver no ambiente escolar oportunidades de se discutir e questionar a adesão à ideia de superioridade da brancura.
— É aí que entra a formação adequada dos professores, como aposta para que a idealização branca deixe de ser objeto de desejo para negros e brancos, pois ela pressupõe hierarquia — descreve a pesquisadora. Nas salas de aula, a brancura ainda é construída como referência de humanidade, onde “o branco é sempre o melhor exemplo”.
(Por Glenda Almeida – Agência USP)

Confira o texto na íntegra em:https://eusr.wordpress.com/2013/05/31/brasil-atualiza-o-racismo-por-nao-discutir-branquitude/
Confira também: ALVES,Luciana."O valor da brancura: considerações sobre um debate pouco explorado no Brasil. Disponível em: https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0CCsQFjACahUKEwituaPA89bHAhWBgg0KHVW2APc&url=http%3A%2F%2Fcadernos.cenpec.org.br%2Fcadernos%2Findex.php%2Fcadernos%2Farticle%2Fdownload%2F176%2F204&usg=AFQjCNFj6RY0QxwuIDNNxj7fp58y6bxPPg&bvm=bv.101800829,d.eXY